Exposição pré-natal a metais e audição de recém-nascidos em uma coorte de nascimentos no Rio de Janeiro

Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que mais de 1,5 bilhões de pessoas, em todo o mundo, tinham algum grau de perda auditiva, e que se medidas preventivas não forem tomadas esse número poderá ser superior a 2,5 bilhões em 2050 (WHO, 2021). A OMS considera que a exposição pré-natal a poluentes ambientais seja um dos possíveis fatores associados à perda auditiva na infância. Este é um estudo seccional com o objetivo de investigar a relação entre a exposição pré-natal a chumbo (Pb), mercúrio (Hg), arsênio (As) e cádmio (Cd) e o resultado da Triagem Auditiva Neonatal (TAN), por meio das Emissões Otoacústicas por Estímulo Transiente (EOAT), em recém-nascidos (RN) participantes do Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA UFRJ). A população de estudo é constituída de 441 RN sendo 223 do sexo masculino (50,6%) e 218 do sexo feminino (49,4%). Fizeram reteste 10,7% (n=47) com índice de falha em pelo menos uma das orelhas de 1,6% (n=7). Uma correlação negativa e fraca entre os níveis de resposta e as concentrações de chumbo no sangue do cordão umbilical (ρ= -0,103; p= 0,033) e associação entre menor mediana das amplitudes de respostas na frequência de 4kHz em OD com maior grupo de exposição a este poluente (p = 0,038) foi observada. Assim, observou-se que maiores concentrações de Pb podem influenciar as respostas na frequência de 4kKz das EOAT em OD, reduzindo suas amplitudes, sem influenciar o resultado da TAN.

Palavras-chave: audição; recém-nascidos; metais; poluentes ambientais; saúde ambiental.