Exposição pré-natal a poluentes ambientais e a ocorrência de alterações respiratórias em crianças até 6 meses no Estado do Rio de Janeiro: análise exploratória dos dados do Estudo Piloto do Projeto PIPA.

Introdução: A relação intrínseca entre saúde e meio ambiente vem ocupando um espaço cada vez maior no cenário mundial e científico devido ao crescimento da população humana. Com esta expansão, poluentes, em quantidades crescentes, vêm sendo liberados no meio ambiente, e cada vez mais indivíduos a eles estão expostos. A fim de avaliar a exposição pré-natal a poluentes ambientais, foi realizado um estudo piloto, componente do corpo de estudos e pesquisas que compõem o Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA).

Objetivo: Investigar a ocorrência de alterações respiratórias em crianças de 0 a 6 meses com exposição pré-natal aos poluentes ambientais metais e substâncias perfluoroalquílicas (PFAS).

Métodos: A população de estudo desde projeto foi constituída pelos 73 bebês (e suas mães), nascidos na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que compareceram a pelo menos uma consulta de acompanhamento do período de seguimento. Foram excluídas gestantes menores de 16 anos e gestações gemelares. Os poluentes foram quantificados através da avaliação de amostras do sangue do cordão umbilical.

Resultados: Dos 73 bebês que compareceram a pelo menos uma avaliação no período do seguimento, 38 vieram às três consultas. Sobre o comparecimento em cada consulta: 52, 64 e 59 foram no 1°, 2° e 3° seguimentos, respectivamente. Não foi verificada relação entre a exposição pré-natal a poluentes ambientais e a ocorrência de alterações respiratórias (presença de sinal, sintoma ou doença respiratória no seguimento) nos bebês que retornaram para o seguimento. Os resultados mostram que cerca de 67,7% quantificáveis de ácido perfluorooctano sulfônico (PFOS) e ácido perfluorooctanóico (PFOA). Observou-se uma maior frequência de alterações respiratórias no grupo de bebês que não apresentavam exposição ao PFOA no 2° seguimento (p = 0,02). No entanto, o inverso foi observado em relação a exposição aos PFOS, com maior ocorrência
de alteração respiratória no grupo exposto (64%), nos três períodos de seguimento (47,8%, 48% e 56,6%, respectivamente), embora sem diferença significativa. Foram encontrados metais em 100% das amostras e verificada correlação fraca e negativa entre a exposição ao cádmio e a exposição ao mercúrio com a ocorrência de alterações respiratórias no período do 3° seguimento.

Conclusão: O estudo identificou níveis detectáveis de metais em 100% das amostras avaliadas de sangue do cordão umbilical, o que corrobora com o aumento progressivo da exposição, com consequente elevação dos índices e poluentes nos meios ambientais. Esses dados indicam a necessidade de realização de novas investigações, com acompanhamento por um período maior de tempo e um número maior de participantes na população de estudo, a fim de avaliar as consequências da exposição precoce a poluentes ambientais e seus efeitos na saúde infantil.

Palavras-chave: Doenças respiratórias. Sinais e sintomas respiratórios. Poluentes ambientais. Gravidez. Criança. Exposição ambiental. Substâncias perfluoroalquílicas. Metais.