Efeitos da exposição pré-natal a poluentes ambientais no peso de nascimento e ganho de peso nos seis primeiros meses de vida.

O período intraútero e os primeiros meses após o nascimento são períodos críticos para a exposição a poluentes, pois nestes períodos o feto e bebê são especialmente vulneráveis a poluentes disruptores do desenvolvimento. Poluentes ambientais podem atravessar a barreira placentária, e promover alterações no crescimento e desenvolvimento intraútero, o que pode levar a repercussões no peso de nascimento, bem como alterações que podem se manifestar somente na vida adulta. O peso de nascimento e avaliação do crescimento e desenvolvimento são indicadores importantes da saúde da criança. Este estudo avaliou a relação da concentração de poluentes nas amostras biológicas com o peso de nascimento e o ganho de peso nos primeiros seis meses de vida. Foram utilizados dados do estudo piloto do Projeto PIPA-UFRJ, avaliando a concentração dos metais (chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio), organoclorados (4’4 DDE), e substâncias perfluoroalquils (PFOS) no sangue do cordão umbilical e piretroides (3BPA) na urina de gestantes, e as medidas de peso de nascimento e ganho de peso aos 6 meses, em 125 e 58 crianças, respectivamente, nascidas na Maternidade Escola da UFRJ no período de outubro/2017 a agosto/2018. A exposição intraútero ao 4’4 DDE representou seis vezes mais chances de ganho de peso elevado (escore Z >2) aos seis meses de idade, com média das concentrações significativamente maiores nas crianças com ganho de peso elevado. A média das concentrações de arsênio também foi significativamente maior nas crianças com ganho de peso elevado (escore Z >2) aos seis meses de idade, embora o peso médio de nascimento tenha sido menor no grupo exposto do sexo masculino. O peso médio de nascimento foi menor nos recém-natos do sexo feminino expostos ao 3 BPA, e o ganho de peso aos seis meses de idade obteve correlação moderada e inversa com 3 BPA. O estudo piloto do Projeto Pipa- UFRJ foi o primeiro estudo no Brasil que avaliou poluentes ambientais no sangue do cordão umbilical em relação ao peso de nascimento e o ganho de peso aos 6 meses. Estes resultados indicam a necessidade de realização de estudos que investiguem a relação entre a exposição pré-natal a poluentes ambientais e o ganho de peso na população de crianças brasileiras.

Palavras-chave: exposição pré-natal; poluentes ambientais; peso ao nascer; disruptores endócrinos; efeitos tardios da exposição pré-natal; poluentes ambientais; peso ao nascer; ganho de peso.