Condições Nutricionais e Exposição a Poluentes Ambientais Materno-Infantis no Desenvolvimento de Defeitos do Esmalte Dentário nos primeiros 1000 dias de vida.

A desnutrição materna e infantil é altamente prevalente em paí­ses de baixa e média renda, resultando em aumentos substanciais na mortalidade e na carga geral de doenças. A nutrição pode atuar de forma sistêmica e local em relação às alterações bucais (HUJOEL,2017). Assim, os defeitos de desenvolvimento do esmalte dentário(DED) podem estar associados a exposições nutricionais e práticas alimentares no perí­odo dos primeiros 1.000 dias de vida (ABANTO, 2018; CHAVES, 2007; RUGG-GUNN, 1998) e a relação desses defeitos com concentrações séricas de micronutrientes como vitaminas D e A, e cálcio, vêm sendo investigadas (VAN DER TAS, 2018; MORKMUED, 2017). Da mesma forma, os tecidos dentários podem ser alvos de poluentes ambientais, como os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), tendo como consequência, anormalidades na formação e na estrutura, especialmente o esmalte (BIANCHI, 2019; NEGCOC, 2018). Tendo em vista que o início da mineralização do esmalte dos dentes decíduos começa aproximadamente entre a 13ª e 19ª semana do perí­odo de vida intrauterino e se completa durante o primeiro ano de vida pós-natal (LUNT, 1974), os DED na dentição decídua têm sido relacionados com possí­veis intercorrências durante os perí­odos pré, peri e pós-natal (WAGNER, 2017; ELFRINK, 2014; JACOBSEN, 2013; RUGG-GUNN, 1998). Uma outra questão importante a ser destacada é a associação positiva entre DED e cárie dentária em ambas as dentições, decídua e permanente, observada em uma revisão sistemática, onde crianças com DED apresentaram uma chance maior de ter cárie dentária do que aquelas sem tais defeitos (COSTA, 2017).