Avaliação longitudinal da microbiota intestinal de uma coorte de nascimentos exposta a poluentes ambientais durante o período perinatal: Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA)

Este estudo é parte do Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA). A contaminação  do meio ambiente com uma ampla variedade de poluentes ambientais pode impactar os  ecossistemas, diminuir a diversidade microbiana ambiental e alterar a microbiota associada ao  trato gastrointestinal. No entanto, o efeito da exposição a poluentes ambientais na microbiota  intestinal em desenvolvimento ainda é pouco investigado. Esta tese tem como objetivo estudar  o efeito da exposição a poluentes ambientais na microbiota intestinal durante os primeiros seis  meses de vida. Além de investigar a relação entre o consumo materno de alimentos  ultraprocessados com níveis de poluentes no sangue de cordão umbilical. O gene 16S rRNA  foi avaliado em amostras de mecônio e fezes de bebês com um, três e seis meses de vida e o  microbioma infantil foi associado com as concentrações de metais (arsênio, cádmio, mercúrio  e chumbo), substâncias perfluoroaquiladas (PFAS) e pesticidas aferidos no sangue e urina  maternos e no sangue de cordão umbilical. O consumo materno de alimentos ultraprocessados  foi investigado por meio de questionário de frequência alimentar. Os resultados mostram que  o efeito da exposição aos poluentes foi maior quando associado a estressores do início da vida  como parto cesariano e nascimento pré-termo em relação a bebês que nasceram por parto  vaginal. O efeito da exposição aos poluentes na microbiota fecal também apresentou maior  magnitude em bebês sob aleitamento materno exclusivo, o que sugere contaminação do leite  materno. As alterações observadas na microbiota associadas a exposição aos poluentes foram  diferentes quando os poluentes foram aferidos no sangue materno ou no cordão umbilical – sugerindo que o momento da exposição pode ser importante. Por fim, apesar da alta  variabilidade intrínseca a microbiota em desenvolvimento, comunidades microbianas foram  consistentemente afetadas por todos os poluentes, com clusters de táxons presentes em  amostras de bebês com alta exposição aos poluentes. Além disso, recém-nascidos de mães que  consumiram três ou mais subgrupos de alimentos ultraprocessados apresentaram maiores  níveis de PFAS no cordão umbilical. Os resultados evidenciam que a exposição perinatal a  poluentes ambientais se associa com alterações da microbiota em desenvolvimento o que pode  ter relevância para a saúde. Nossos achados mostram que o consumo de alimentos  ultraprocessados é uma via potencialmente importante de exposição a essas substâncias.  

Palavras-chave: Poluentes ambientais. Microbiota intestinal. Colonização microbiana.  Desenvolvimento infantil. Alimento ultraprocessado.