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Higiene bucal em bebês: estudo revela como a escolaridade materna e orientações inadequadas influenciam práticas de cuidado

Bebe em fase edêntula: Instrução da mãe influencia na adoçAo de boas práticas de higiene

Embora estudos sugiram que  a higiene  bucal  do  bebê  tenha início somente à  irrupção  do  primeiro  dente  decíduo, as informações que chegam para grande parte da população são contraditórias ou incorretas.  Baseado nisso, um estudo conduzido por pesquisadores do Projeto Infância e Poluentes Ambientais, o PIPA/UFRJ revelou como fatores socioeconômicos, especialmente a escolaridade materna, influenciam as práticas de higiene bucal em bebês edêntulos — aqueles que ainda não possuem dentes. Publicado na Revista Científica do CRO-RJ (Rio de Janeiro Dental Journal), o estudo também alerta para os riscos associados a orientações inadequadas, frequentemente provenientes de pessoas leigas, que podem comprometer a saúde bucal dos bebês.

A pesquisa analisou 289 mães participantes do PIPA, cujos bebês tinham três meses de idade. O estudo revelou que 59,7% das mães realizavam higiene bucal em seus bebês edêntulos, utilizando principalmente gaze ou fraldas. No entanto, menos da metade das mães (42%) recebeu orientação de profissionais de saúde, como dentistas ou pediatras, enquanto a maioria seguiu recomendações de pessoas sem formação na área da saúde.

Os resultados mostram que mães com menor nível de escolaridade eram as mais propensas a adotar essa prática, mesmo sem embasamento científico. Embora a limpeza da cavidade bucal na fase edêntula seja amplamente difundida, a pesquisa aponta que ela não traz benefícios comprovados para a prevenção de doenças bucais e pode, na verdade, aumentar o risco de infecções devido ao manejo inadequado.

Além disso, o estudo destacou a importância de revisar guias e materiais educativos desatualizados, que ainda recomendam práticas inadequadas para a higiene bucal de bebês. Os autores sugerem que políticas públicas e programas de letramento em saúde sejam implementados para garantir que as mães tenham acesso a informações corretas e baseadas em evidências.

“Educar as mães, especialmente em populações vulneráveis, é fundamental para evitar práticas desnecessárias e proteger a saúde bucal desde os primeiros meses de vida”, concluem os pesquisadores. A pesquisa reforça a necessidade de investir em orientações claras e acessíveis, conduzidas por profissionais qualificados, para promover práticas seguras e eficazes no cuidado infantil.