Exposição a Poluentes Ambientais em Perinatologia
A população urbana está exposta a diferentes fontes de poluentes químicos, tais como alimentos, a industrialização, tráfego pesado de automóveis, água, poluição atmosférica e uso de cosméticos, em pequenas doses diárias e de forma contínua e gradativa. A exposição a poluentes ambientais durante a gestação tem sido associada a complicações para a mãe e para o bebê. O objetivo deste estudo foi investigar a alimentação como fonte de exposição de poluentes químicos em um grupo de gestantes que participaram do estudo piloto do projeto PIPA (Projeto Infância e Poluentes Ambientais).
Trata-se de um estudo transversal com 139 gestantes recrutadas no 3º trimestre, que analisou sangue e urina para dosagem das concentrações dos poluentes e entrevistou a população para o levantamento de informações sobre as fontes de exposição. As variáveis de exposição foram utensílios de cozinha, fonte de água e alimentação. Os poluentes analisados foram: chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio, organoclorados, PCBs e perfluoroalquil, medidos no sangue e os metabolitos de piretroides (3BPA e 4FPBA) na urina.
Neste estudo o maior consumo (≥3 vezes) resultou em maiores concentrações de alguns poluentes, sendo os ovos com mais arsênio (p=0,038), os grãos (p=0,005) e o feijão (p=0,049) com mais cádmio, os grãos com mais chumbo (p=0,020) e os chás (p=0,042) e grãos (p=0,029) com mais mercúrio. Já o menor consumo (até 2 vezes) de arroz apresentou maior concentração de chumbo (p=0,042), assim como o consumo de carne bovina e suína maior concentração de PFAS no sangue (p=0,020). Ao consumir mais de 3x/semana feijão aumenta em 4,165 vezes as chances de detectar Bifenila policlorada no sangue (p=0,024). Em relação às fontes de água, a concentração de arsênio no sangue das gestantes que prioritariamente bebem água mineral é maior do que as que utilizam outras fontes de água (p=0,013). Novos estudos são necessários para evidenciar tais associações. O estudo longitudinal do projeto PIPA será iniciado em 2021 e prevê a participação de 2000 gestantes.
Palavras-chave: exposição dietética, poluentes ambientais, perinatologia, nutrição materna