Exposição materno-fetal a metais de interesse à saúde pública em área urbana

Introdução: A exposição ambiental a metais em áreas urbanas tem sido associada a desfechos do nascimento tais como: prematuridade, baixo peso ao nascer e baixo índice de Apgar. Para avaliar a exposição pré-natal a poluentes ambientais em área urbana, foi realizado um estudo piloto, componente do corpo de estudos e pesquisas que compõem a coorte de nascimentos denominada “Estudo longitudinal dos efeitos da exposição a poluentes ambientais sobre a saúde infantil” – Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA).

Objetivo: Avaliar a exposição a metais de interesse à Saúde Pública Arsênio (As), Cádmio (Cd), Chumbo (Pb) e Mercúrio (Hg) em recém-nascidos em área urbana do Município do Rio de Janeiro.

Métodos: De outubro e novembro de 2017, todas as gestantes atendidas na ME-UFRJ, acima de 16 anos, foram convidadas a participar do projeto. Foram coletados 1) informações socioeconômicas, culturais, de lazer e condições de vida dos progenitores 2) Sangue materno 3) Sangue do cordão umbilical, dados antropométricos do recém-nascido e APGAR.

Resultados: Das 209 gestantes abordadas, 142 aceitaram participar (67,9%). De outubro/2017 a fevereiro/2018 houveram 131 nascimentos (92,3%) foram avaliados as amostras de sangue materno (sm) e sangue do cordão umbilical (scu)de 117 pares de mãe e bebe. Houve correlação entre as concentrações de As, Cd, Pb e Hg no sm e no scu (rAs= 0,71, p < 0,0001; rCd= 0,61, p < 0,0001; rPb= 0,67, p <0,0001; rHg= 0,70, p <0,0001). Não foi encontrada correlação entre a concentração de metais no sm e as variáveis idade materna, renda e anos de estudo, não houve diferença significativa entre as concentrações dos metais no sm e as variáveis de exposição relacionadas à moradia, exposição ao tabaco e consumo de bebida alcoólica. Houve diferença estatisticamente significativa para a concentração de Cd no sm e o consumo de leguminosas (p< 0,03), reforma da casa durante a gestação (p < 0,02) e raça, sendo maior na raça não branca (p<0,025). As medianas de Pb no sm (3,75 µg/dL) e no scu (3,69 µg/dL) foram maiores neste estudo do que em outros realizados no Brasil e no mundo, 25% da nossa população de estudo apresentou concentração de Pb no scu maior do que 5 µg/dL, valor estabelecido pelo “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC) como ponto de corte para exposição de crianças . Não houve correlação entre a concentração de Pb no scu e os desfechos do nascimento avaliados (peso, prematuridade e Apgar).

Conclusão: A concentração de Pb no sangue é um biomarcador de exposição, uma vez que neste estudo foi encontrado valores acima do estabelecido pelo CDC como referência, é necessário investigar as possíveis fontes de exposição ao chumbo e dos efeitos sobre o desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Arsênio. Cádmio. Chumbo. Mercúrio. Exposição ambiental. Poluição ambiental. Criança. Gravidez.