A exposição a metais pesados, como chumbo, mercúrio e arsênio, em recém-nascidos está diretamente relacionada à falta de áreas verdes urbanas. A conclusão está em um artigo publicado na revista eletrônica Annals of Global Health, no qual pesquisadores do Projeto Infância e Poluentes Ambientais, o PIPA/UFRJ, detalham alguns dos resultados do estudo, que está sendo conduzido no Rio de Janeiro.
Após a análise de amostras de sangue de cordão umbilical de 778 recém-nascidos, constatou-se que bebês cujas mães viviam, durante a gravidez, em áreas com menor cobertura verde, apresentam concentrações mais altas desses metais. Essa exposição pode trazer consequências adversas ao desenvolvimento infantil, incluindo prejuízos cognitivos e comportamentais.
O artigo, intitulado “Urban Green Spaces and Newborns Metal Concentrations in Rio de Janeiro, Brazil”, demonstrou que nas regiões central e norte da cidade, que possuem menor quantidade de áreas verdes por habitante, os níveis de chumbo e mercúrio no sangue dos recém-nascidos foram significativamente maiores. Além disso, quase 60% das mães participantes viviam em áreas de baixa renda, o que agrava ainda mais a vulnerabilidade à exposição a poluentes ambientais.
A pesquisa também discute a importância de políticas públicas que promovam o planejamento urbano sustentável, com a criação de áreas verdes inclusivas como medida de mitigação da poluição ambiental. “A disponibilidade de áreas verdes urbanas deve ser vista como um fator determinante de saúde pública”, concluem os autores. Eles sugerem que a falta de áreas verdes pode ser um indicador de vulnerabilidade socioambiental, já que essas áreas desempenham um papel fundamental na filtragem de poluentes atmosféricos e na melhoria da qualidade de vida em áreas densamente povoadas.