Os metais são importantes poluentes ambientais que podem estar relacionados a alterações no desenvolvimento neurológico das crianças. A Agência de Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças (ATSDR) considera os metais arsênio (As), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) como metais de interesse na saúde pública, baseada na combinação da frequência, toxicidade e potencial para exposição humana a estes metais. A exposição a estes poluentes no meio ambiente ocorre através do ar, da água e dos alimentos.
O Estudo de Coorte de Nascimentos do Rio sobre Exposição Ambiental e Desenvolvimento Infantil (Projeto PIPA) é um estudo de coorte prospectivo realizado na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, com o objetivo de investigar os efeitos poluentes ambientais na saúde materno-infantil. Um estudo piloto (Estudo Piloto PIPA) foi realizado entre setembro de 2017 e agosto de 2018, com 142 gestantes matriculadas e 135 crianças nascidas na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Recentemente investigamos possíveis associações entre as concentrações de metais no sangue materno e do cordão umbilical e o desenvolvimento neurológico do recém-nascido na população do estudo piloto do PIPA. Arsênio, cadmio, chumbo e mercúrio foram detectados em 100% das amostras de mães e recém-nascidos acima dos limites de detecção. Um terço dos lactentes (n = 17–35,4%) apresentou pelo menos uma falha na avaliação do neurodesenvolvimento feita através do Denver II- Teste de Triagem do Desenvolvimento (Denver II). As concentrações de arsênio no sangue materno foram significativamente (p = 0,03) maiores nas crianças que apresentaram pelo menos 1 falha (média geométrica: 11,85 µg/L) em comparação com os bebês que não falharam (média geométrica: 8,47 µg/L).
Esses achados indicam a necessidade de investigar ainda mais os efeitos tóxicos da exposição pré-natal a metais no neurodesenvolvimento infantil.
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