Análise da presença de microplásticos em pares mãe-bebê: evidências do Projeto PIPA sobre exposição materno-infantil

A presença de microplásticos em ambientes naturais e em organismos humanos tem sido uma preocupação crescente, com implicações ainda pouco compreendidas para a saúde humana (PEEKEN et al., 2018; KANE et al., 2020; O’BRIEN et al., 2023). Estudos recentes sugerem que microplásticos podem atravessar barreiras biológicas, sendo detectados em fluidos corporais e tecidos humanos (BRAUN et al., 2021; LESLIE et al., 2022; HORVATITS et al., 2022). No contexto materno-infantil, essa exposição é particularmente relevante, dada a vulnerabilidade de gestantes e bebês aos poluentes ambientais (PADULA et al., 2021; PADULA et al., 2015; DRAGO et al., 2020). No entanto, as evidências sobre a presença de microplásticos em amostras biológicas maternas e neonatais são limitadas, especialmente no Brasil (RAGUSA et al, 2021; ZHU et al., 2023; LIU et al., 2022; BRAUN et al., 2021). Esta pesquisa busca contribuir para o entendimento dos potenciais impactos dos microplásticos na saúde materno-infantil, explorando sua presença em diversas amostras biológicas de pares mãe-bebê.
O objetivo deste estudo é investigar a presença de microplásticos em 30 amostras de leite materno, urina, fezes, sangue de cordão umbilical e placenta de gestantes e seus bebês, comparando as concentrações entre amostras coletadas no âmbito do projeto PIPA. Adicionalmente, pretende-se analisar a correlação entre a presença de microplásticos e possíveis impactos na saúde materna e neonatal, além de explorar fatores relacionados à variabilidade na exposição, como características sociodemográficas.

REFERÊNCIAS:

BRAUN, T. et al. Detection of Microplastic in Human Placenta and Meconium in a Clinical Setting. Pharmaceutics, v. 13, n. 7, p. 921, 22 jun. 2021.

DRAGO, G. et al. Birth Cohorts in Highly Contaminated Sites: A Tool for Monitoring the Relationships Between Environmental Pollutants and Children’s Health. Frontiers in Public Health, v. 8, p. 125, 2020.

HORVATITS, T. et al. Microplastics detected in cirrhotic liver tissue. EBioMedicine, v. 82, p. 104147, ago. 2022.

KANE, I. A. et al. Seafloor microplastic hotspots controlled by deep-sea circulation. Science (New York, N.Y.), v. 368, n. 6495, p. 1140–1145, 5 jun. 2020.

LESLIE, H. A. et al. Discovery and quantification of plastic particle pollution in human blood. Environment International, v. 163, p. 107199, maio 2022.

LIU, S. et al. The Association Between Microplastics and Microbiota in Placentas and Meconium: The First Evidence in Humans. Environmental Science & Technology, 21 out. 2022.

O’BRIEN, S. et al. There’s something in the air: A review of sources, prevalence and behaviour of microplastics in the atmosphere. The Science of the Total Environment, v. 874, p. 162193, 20 maio 2023.

PADULA, A. M. et al. Air Pollution, Neighbourhood Socioeconomic Factors, and Neural Tube Defects in the San Joaquin Valley of California. Paediatric and Perinatal Epidemiology, v. 29, n. 6, p. 536–545, nov. 2015.

PADULA, A. M. et al. Drinking water contaminants in California and hypertensive disorders in pregnancy. Environmental Epidemiology (Philadelphia, Pa.), v. 5, n. 2, p. e149, abr. 2021.

PEEKEN, I. et al. Arctic sea ice is an important temporal sink and means of transport for microplastic. Nature Communications, v. 9, n. 1, p. 1505, 24 abr. 2018.

RAGUSA, A. et al. Plasticenta: First evidence of microplastics in human placenta. Environment International, v. 146, p. 106274, jan. 2021.

ZHU, L. et al. Identification of microplastics in human placenta using laser direct infrared spectroscopy. The Science of the Total Environment, v. 856, n. Pt 1, p. 159060, 15 jan. 2023.