Publicações

Poluentes orgânicos persistentes e seus impactos na saúde materno-infantil

Pesticidas organoclorados (OCP) e os Bifenilos policlorados (PCB) representam uma ameaça significativa à saúde humana devido à sua persistência ambiental

Pesticidas organoclorados (OCP) e as Bifenilas policloradas (PCB) representam uma ameaça significativa à saúde humana devido à sua persistência ambiental. Utilizados em produtos industriais, dispositivos elétricos antigos e na agricultura brasileira até a década de 1980, esses poluentes ainda são encontrados no ambiente e na cadeia alimentar, contribuindo para a exposição humana. A preocupação com OCP e PCB não se limita apenas à sua presença persistente, mas também aos potenciais efeitos adversos, incluindo carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva e neurotoxicidade.

Para entender os riscos associados à exposição a esses contaminantes, pesquisadores do Projeto Infância e Poluentes Ambientais (PIPA/UFRJ) investigaram sua concentração no sangue materno e de cordão umbilical, bem como no leite materno. Os resultados foram descritos no artigo “Persistent Organic Pollutant Levels in Maternal and Cord Blood Plasma and Breast Milk: Results from the Rio Birth Cohort Pilot Study of Environmental Exposure and Childhood Development (PIPA Study)”, publicado na revista “International Journal of Environmental Research and Public Health”.

Foram analisadas amostras de 135 mulheres e seus recém-nascidos, revelando a presença contínua dessas substâncias no ambiente e na cadeia alimentar. E embora as concentrações encontradas não tenham sido associadas a efeitos estatisticamente significativos na saúde materna ou neonatal no contexto deste estudo, a detecção dessas substâncias ressalta a persistência e a capacidade de bioacumulação dos POPs.

O estudo também aborda a importância de considerar as características sociodemográficas e de estilo de vida das mães, como idade, etnia e índice de massa corporal pré-gestacional, na avaliação dos níveis de exposição e potenciais riscos à saúde. A análise estatística não encontrou associações significativas entre esses fatores e os níveis de POPs, mas os autores sugerem que pesquisas futuras devem explorar mais profundamente essas relações.

Por fim, o artigo enfatiza a necessidade de monitoramento contínuo dos níveis de POPs e de ações para mitigar a exposição a esses poluentes, visando proteger a saúde materna e infantil.